sábado, 1 de junho de 2019
Lagoas do Congro e Nenúfares- Monumento Natural
Lagoas do Congro e Nenúfares- Monumento Natural
Em Fevereiro de 2000, os Amigos dos Açores- Associação Ecológica elaborou e remeteu à Direcção Regional do Ambiente uma proposta de Classificação das Lagoas do Congro e dos Nenúfares como Área Protegida. Passados mais de quatro anos, é altura de voltar a insistir para que aquela proposta não caia no esquecimento e, ao mesmo tempo, reafirmar todo o interesse em que, tal como aconteceu recentemente com a Caldeira Velha, aquela zona seja classificada como Monumento Natural.
A Lagoa do Congro deve o seu nome ao facto de, em tempos, ter pertencido, tal como uma vasta área de mato nas suas imediações, a André Gonçalves de Sampaio, “ O Congro”, sendo este cognome explicado por Gaspar Frutuoso da seguinte forma: “por em seu tempo ser o mais rico homem da terra, como dizem ser o congro, entre os peixes que se comem, o maior peixe do mar”. Por seu turno, a Lagoa dos Nenúfares deve o seu nome ao facto de, grande parte da sua extensão, estar coberta por nenúfares (Nymphae alba).
As lagoas do Congro e dos Nenúfares localizam-se no extremo oriental do Complexo Vulcânico do Fogo, a NNE de Vila Franca do Campo.
Sob o ponto de vista geológico, a Lagoa do Congro ocupa uma cratera de explosão do tipo maar, com cerca de 500 m de diâmetro e paredes fortemente entalhadas em basaltos e traquitos. A Lagoa dos Nenúfares, situada a escassos metros a Sudeste da Lagoa do Congro, tem a sua génese associada ao maar da Lagoa do Congro.
Actualmente, em redor das Lagoas do Congro e dos Nenúfares, embora possam ser observadas espécies da vegetação natural dos Açores, tais como o louro (Laurus azorica) o cedro do mato (Juniperus brevfolía) a Lysimachia azorica, predominam as espécies exóticas, como a: criptoméria (Cryptomeria japonica), a hortência (Hydrangea macrophylla), a azálea (Azalia indica), o eucalipto (Eucalyptus globulus), o incenso (Pittosporum undulatum) e a conteira (Hedychium gardneranum).
As espécies vegetais aquáticas mais comuns, para além da Nimphaea alba que é claramente dominante na Lagoa dos Nenúfares, são o Potamogeton polygonifolius e o Scirpus fluitans, para além da presença de Hypericum elodes e do Junco (Juncus efusus).
Dado que esta zona é densamente florestada, é frequente observarem-se diversas espécies de aves, das quais se destacam: a estrelinha (Regulus regulus azoricus), o milhafre (Buteo buteo rothschi¬idi), a alvéola (Motacilla patriciae cinerea) e o pombo torcaz (Columba palumbus azorica), o touto (Sylvia atricapilla), o pato bravo (Anas querquebula) e a garça-real (Ardea cinerea).
Actualmente, na Lagoa do Congro estão referenciadas duas espécies ictiológicas - Cyprinus sp. e Perca fluviatilis (perca do rio) e a rã (Rana perezi). Por seu turno, na Lagoa dos Nenúfares podem encontrar-se peixes vermelhos (Carassius auratus) e duas espécies de anfíbios - o tritão de crista (Triturus cristatus carnifex) e a rã (Rana perezi).
Em virtude da sua localização, o Monumento Natural das Lagoas do Congro e dos Nenúfares poderá funcionar como pólo dinamizador de diversas actividades na área do turismo, com destaque para uma rede de percursos pedestres e/ou equestres que terão como destino as Cumeeiras da Lagoa do Fogo/Pico da Vela, a Lagoa de São Brás, o Castelo/Branco, o Pico da Dona Guiomar/ Lagoinha do Areeiro, etc.
BIBLIOGRAFIA
CONSTÂNCIA, J., BRAGA, T., NUNES, J., MACHADO, E., SILVA,L., (1997). Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel, Amigos dos Açores. Ponta Delgada.
NUNES, J.,(1998). Paisagens Vulcânicas dos Açores, Amigos dos Açores, Ponta Delgada.
Teófilo Braga
(Terra Nostra, 25 de junho de 2004)
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