segunda-feira, 30 de novembro de 2020

terça-feira, 25 de agosto de 2020

O que visitar em Vila Franca do Campo?

  


O que visitar em Vila Franca do Campo?

 

Pediu-me o Correio dos Açores um texto sobre as principais referências do meu concelho de nascimento, Vila Franca do Campo, a serem visitadas. Dada o meu envolvimento na defesa do ambiente e a minha formação na área ambiental, limitarei o meu texto a aspetos relacionados com a componente natural do ambiente, nomeadamente lagoas, praias, passeios pedestres e jardins.

 

No concelho de Vila Franca do Campo, embora existam outras pequenas lagoas ou lagoeiros, merecem ser visitadas as seguintes: Lagoa do Fogo, Lagoa do Congro e Lagoa do Areeiro.

 

Para a visita à Lagoa do Fogo, que faz parte da Reserva Natural da Lagoa do Fogo, local onde se podem ver alguns exemplares da flora primitiva dos Açores, recomendo a utilização do trilho que tem início na localidade da Praia de Água d’Alto. Nesta localidade recomendo a visita à Central Hidroelétrica da Praia que está musealizada e a realização do percurso pedestre Fábricas da Luz, onde poderão observar o que resta das primeiras centrais hidroelétricas construídas em São Miguel.

 

Nos terrenos adjacentes à Lagoa do Congro cujo espelho de água possui cerca de 0,1 kmde área, é possível encontramos o que resta da mata ajardinada mandada plantar pelo agricultor, bibliófilo, botânico e paisagista José do Canto com algumas espécies que ele primeiro aclimatou no seu jardim em Ponta Delgada, com destaque para o til, planta endémica dos arquipélagos da Madeira e das Canárias.

 

Para quem já está na Lagoa do Congro aconselha-se uma visita à, infelizmente bastante degradada, Lagoa dos Nenúfares que está muito próxima e à pequena e aprazível Lagoa do Areeiro, situada a noroeste daquelas duas, localizada no interior da cratera do cone vulcânico denominado Pico da Dona Guiomar que não fica muito distante do Monte Escuro.

 

A partir do Monte Escuro, aconselha-se um passeio pedestre até ao Pico da Vela que fica sobranceiro à Lagoa do Fogo. A partir deste pico e ao longo do trilho, tanto Vila Franca do Campo como a Lagoa do Fogo apresentam-se aos nossos olhos com outra fisionomia.

 

No litoral do Concelho de Vila Franca do Campo existem vários locais de fácil acesso onde, sobretudo fora da época balnear é possível, para além de desfrutar do sossego, observar paisagens revitalizantes e contatar com algumas espécies da flora característica das baixas altitudes como a urze, o visgo, o bermim, a erva-leiteira, a diabelha e o bracel, outrora usado pelos caiadores para fazer os pincéis.

 

Como zonas balneares, algumas não “oficiais”, no concelho existem mais de 2,3 km de praias de areia fina que, tal como toda a costa, devem ser mantidas em boas condições de salubridade, evitando a presença de resíduos e impedindo que cheguem ao mar águas residuais não tratadas. Aqui vão, de Oeste para Este, os nomes das praias: Prainha de Água d’Alto, Praia de Água d´Alto, Praia da Pedreira e Praia do Degredo, Praia do Corpo Santo, Praia da Vinha da Areia, Praia da Leopoldina, Calhau da Areia e Praia da Amora.

 

Os apaixonados pelas plantas e por flores não podem perder uma visita aos dois maiores jardins existentes no concelho, o Jardim Dr. António da Silva Cabral, na freguesia de São Pedro, e o Jardim Antero de Quental, na freguesia de São Miguel, que estão a precisar de uma atualização e substituição das placas de identificação das plantas.

 

Com plantas de quase todo o mundo, no Jardim Dr. António da Silva Cabral destaco a presença das seguintes espécies: eucalipto-limão, tulipeiro-arbóreo, cordilina e dragoeiro e no Jardim Antero de Quental merecem uma observação as magnólias, a árvore-do-fogo, a melaleuca, o carvalho-doce e a nolina.

 

Uma visita a Vila Franca do Campo, ficaria incompleta sem uma ida ao mais formoso ilhéu que há nas ilhas, no dizer do cronista Gaspar Frutuoso, e sem ver o panorama que se desfruta a partir do miradouro de Nossa Senhora da Paz.

 

Teófilo Braga

 

(Concelhos especial Correio dos Açores, 32216, 25 de agosto de 2020, p. 15

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Apontamentos sobre a peste bubónica em Vila Franca do Campo



Apontamentos sobre a peste bubónica em Vila Franca do Campo

A peste negra  ou peste bubónica é uma doença causada pelo bactéria Yersinia pestis, que desencadeou uma pandemia, na segunda metade do século XIV,  matando um terço da população europeia.

Com origem na Ásia central, a infeção é transmitida pelas pulgas de roedores que com a morte destes, os seus hospedeiros naturais, procuram outros entre os quais os humanos, originando assim as epidemias.

Alguns autores, põem a hipótese de fatores climáticos estarem associados ao aumento das populações de roedores e de pulgas numa dada região, em épocas determinadas.

Em Portugal Continental o último surto de peste bubónica ocorreu em 1899, o arquipélago da Madeira foi atingido pela doença em 1905 e os Açores em 1908, tendo persistido neste arquipélago durante cinco décadas.

Sobre os primeiros anos da peste bubónica nos Açores, recomenda-se a leitura da «Terceira Parte “Peste nos Açores – A campanha da Ilha Terceira (1908-1909) e a desratização do Arquipélago Açoriano”», do livro “Peste Bubónica”, da autoria de Carlos Maciel Ribeiro Fortes.

No estudo e no combate à doença, na Ilha Terceira, notabilizou-se António de Sousa Júnior, Doutor em Medicina e futuro Ministro da Instrução, que para tal voltou à sua terra natal, tendo estado em São Miguel onde realizou algumas conferências sobre o assunto.

De acordo com J.A. David de Morais, nos Açores, os anos mais castigados foram o de 1931, onde se registaram 151 óbitos e o de 1932, em que ocorreram 102 óbitos. Ainda segundo o autor referido, entre 1930 e 1949, ocorreram 732 mortes por peste bubónica, o que corresponde a uma média de 37 óbitos por ano.

O jornal “Correio dos Açores”, de 3 de janeiro de1923, noticia o que terão sido os primeiros casos de peste bubónica, pelo menos naquele ano, no concelho de Vila Franca do Campo. Com efeito, a nota referida menciona que os três primeiros casos ocorreram na freguesia de Água d’Alto e que as autoridades administrativas e sanitárias se reuniram para tomar “as mais rigorosas providências para que a horrível doença não se alastre ao resto do Concelho”.

Com a leitura da mesma notícia fica-se a saber “que antes do aparecimento d’estes 3 casos foram encontrados bastantes ratos e alguns gatos mortos, o que denota que a epizootia da peste está ali bastante adiantada”.

A 28 de março de 1923, o Correio dos Açores publica um texto do seu correspondente em Vila Franca do Campo, onde este refere o aparecimento de um presumível caso de peste bubónica na Rua Direita.

Para além de dar conta do aparecimento de “mais ratos pestosos”, a notícia refere que a Câmara Municipal fornece “desinfetantes para uso de todas as Repartições Públicas, escolas, Igrejas e casas de pessoas reconhecidamente pobres”.

Em 1932, no dia 9 de janeiro, o Correio dos Açores publica um texto do seu correspondente em Vila Franca do Campo, onde este dá a conhecer vários casos de peste bubónica no concelho. Assim, segundo ele, foi detetado um caso na freguesia de São Pedro e 11 casos na freguesia de Água d’Alto, tendo nesta morrido 2 pessoas.

Para o combate à doença a Câmara Municipal tinha marcado uma reunião aberta às autoridades de saúde do concelho com vista a tomar medidas, como a aquisição de desinfetantes para desinfeções tanto públicas como particulares, soro e vacina ati-pestosa”.

A Igreja, outrora um dos meios mais importantes para divulgação de informações, também não ficou alheia. Com efeito, os párocos das duas freguesias referidas durante as missas fizeram “a leitura das prescrições médicas aconselhadas pela autoridade sanitária, acompanhando essa leitura de avisos salutares para que todos se compenetrem da gravidade da doença”.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32 169, 1 de julho de 2020, p.13)

terça-feira, 23 de junho de 2020

Memórias do São João na Lagoa do Congro


Marcha de 1971

Memórias do São João na Lagoa do Congro

Não sou capaz de recordar da data da primeira vez que fui visitar a Lagoa do Congro e a dos Nenúfares, mas não cometerei qualquer erro se disser que terá sido em 1971 ou 1972, integrado num grupo de amigos de vários locais da ilha de São Miguel, onde era presença obrigatória o senhor George Hayes que havia sido explicador de inglês de alguns deles.

Na altura, os caminhos ainda estavam muito bem arranjados, na envolvente à Lagoa dos Nenúfares sobressaiam as azáleas e ainda era possível contorná-la. Embora pense que o espaço ainda era guardado por um feitor, no caso o senhor Vasco Viveiros Araújo que residiu na rua Nova, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, a entrada nunca nos foi barrada.

Durante muito tempo, o senhor Vasco residiu na casa da Lagoa do Congro que foi mandada construir por José do Canto, tendo uma das suas filhas, Louise Rainha, nascido lá.

De acordo com informações por ela prestadas, a casa possuía água potável que era proveniente de uma nascente que existia nas redondezas, a iluminação era através de candeeiro a petróleo e o telefone só chegou em 1960.

Ainda de acordo com Louise Rainha, o acesso era restrito e as visitas eram autorizadas pelo senhor Fulgêncio Pimentel ou esposa, tendo os visitantes que apresentar um cartão assinado por um deles. Além disso, as vistas eram apenas para ver a lagoa, estando interdito o acesso às casas. Todo o espaço estava aberto ao público apenas no dia de São João, 24 de junho.

Esméria Bolota, natural da Ribeira Seca, atualmente a viver nos Estados Unidos da América, tem poucas recordações do São João na Lagoa do Congro, pois lá esteve uma vez quando tinha 7 ou 8 anos. Apenas se recorda de ter ido visitar “as lagoas como dizia mos alagoa grande e a pequenina” e de ver pessoas a tocar instrumentos musicais e a cantar.

Lurdes Andrade, de 71 anos de idade, num depoimento prestado numa rede social, escreveu que se lembrava de, quando tinha quatro ou cinco anos, ter ido de carroça com uma família da rua da Paz, no dia de São João, para a Lagoa do Congro e de ter visto fogueiras, pessoas a tocar viola e flauta e de haver bailes.

No livro de Eduardo Furtado, intitulado São João da Vila, é possível encontramos um conjunto de depoimentos, mais antigos que os mencionados acima, sobre a tradição de comemorar o 24 de junho nos terrenos adjacentes à Lagoa do Congro, com destaque para os do professor Eduardo Calisto Amaral, do professor José Cabral, do Dr. Eduardo Tavares de Melo e do senhor Manuel Soares Ferreira.

Dos depoimentos referidos, selecionamos dois extratos, que ilustram bem como era passado o dia na Lagoa do Congro:

 “No tapete verde junto das casas de veraneio do “senhor da Lagoa do Congro” - o saudoso Dr. Guilherme Poças Falcão, alma grande na Benemerência e que passou por este mundo a acudir a este e àquele- realizavam-se descantes e “balhos corridos” ao som de guitarras, de violas e de rabecas.” (Eduardo Tavares de Melo)

“…. Assim juntavam-se famílias que iam para a Lagoa do Congro, quando era ainda propriedade do Dr. Guilherme Poças Falcão. Toda essa zona era um relvado bem cuidado onde se organizavam balhos populares e onde as pessoas se divertiam de manhã à noite.
Os transportes eram os carros de bois, as carroças puxadas a machos e mais tarde a camioneta da carreira do Sr. António Damião de Medeiros que se chamava “Raquel”.
Havia também na Lagoa, junto às casas, uma barraca com o célebre vinho de cheiro, petiscos, cerveja, etc. do Sr. João de Amaral, dono da antiga casa Havaneza.” (José Cabral).

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32163, 24 de junho de 2020, p.15)

segunda-feira, 8 de junho de 2020

sábado, 11 de abril de 2020

RECEITA DE QUEIJADAS DA VILA COM MAIS DE 50 ANOS



RECEITA DE QUEIJADAS DA VILA COM MAIS DE 50 ANOS
Queijadas de Vila Franca.
Coalham-se 4 canadas de leite como para queijos. Tira-se-lhe o soro, espreme-se bem num guardanapo até ficar como farinha e deita-se num alguidar. Amassa-se muito bem com um bocadinho de manteiga de vaca e 4 colheres de farinha e 24 gemas de ovos. Depois de bem amassado vai ao lume com 918 g de açúcar, mexendo sempre, até ferver. Tira-se do lume, passa-se por uma peneira e deixa-se arrefecer.
Massa para as queijadas da Vila.
Farinha de trigo- 250 g
Manteiga- 1 colher
Gemas- 2
Açúcar- 1 colher
Dissolve-se a farinha em pouca água para a massa ficar um pouco dura.
Divide-se, em estando amassado, em bocados que se vão rolando até ficarem muito finos. Cortam-se rodelas, enchendo-se com o recheio. Depois com os dedos armam-se as bordas todas em canudos. Depois de armados, prega-se uma tira de papel com um alfinete de roda e vão em tabuleiros ao forno muito brando cobertas com um papel.
Encontrada num caderno de “Receitas de Doces e Licores”, elaborado pela professora primária Maria Emília Soares Pereira que foi casada com o vila-franquense José Carreiro,

segunda-feira, 30 de março de 2020

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

sábado, 11 de janeiro de 2020